E fim de papo!

Certas coisas são marcantes em nossas vidas por lembramos de cada detalhe delas: aquele fora da menina por quem você era apaixonado na quinta série; o melhor cachorro-quente que você comeu na sua vida no Playcenter após ter passado fome por ter esquecido dinheiro em casa; três playboys te chutando no meio da rua após ter dado uma resposta inteligente a uma zoeira deles… Creio que já me fiz entender. Mas também existem eventos que são inesquecíveis justamente por não termos a mínima ideia de como eles aconteceram! E o NerDevils é um deles.

Quando perguntam para nós como surgiu o blog, a “versão oficial” é de que os nove membros iniciais do blog se conheceram em uma das campanhas “#PublicaINVISIBLES” no Twitter, viram que tinham gostos em comum e resolveram montar um blog coletivo. Isso é parte de verdade. A única coisa que sabíamos uns sobre os outros ao resolver abraçar a ideia era a de éramos nerds e estávamos a fim de escrever sem QUALQUER TIPO DE AMARRA. O resto foi pura sincronicidade. Não tenho a menor ideia de como os nove membros iniciais do blog vieram parar na minha timeline. E, caso pergunte a eles onde se conheceram a resposta não será muito diferente desta.

E assim, de impulso mesmo, foi decidido um nome, feito um logotipo, criadas contas para todos e saímos postando. Falamos de comportamento, música, HQ, política, mangá, anime. Postamos crônicas, tirinhas e diarréias mentais. E fomos percebendo que havia um fio condutor que nos ligava. Anarquia. Ocultismo. Caos. Detalhes destes três itens podem ser encontrados em praticamente todos os textos. E claro que isso nos impulsionou para escrever mais e mais. Todos os que estavam no blog tinham outros projetos mais “sérios” ou “comerciais”, mas o NerDevils era um espaço em que podíamos fazer o que bem entendíamos.

O blog nunca foi um campeão de visualizações, mas tinha um público fiel. Produziu ótimos textos, foi objeto de estudo, fez parcerias com editoras e até baladas. Mais do que isso, gerou profundas mudanças na vida de muitos envolvidos nele. Alguns que estavam aqui começaram a escrever em blogs maiores, outros arrumaram trabalho devido a contatos feitos por aqui (seja fixo ou free-lancer). Um pouco do NerDevils está em todos estes lugares.

Com tudo isso, percebemos que este espaço virtual cumpriu seu papel, que foi ser o “start” para um monte de outros projetos dos envolvidos aqui. E, tendo já feito o que tinha que fazer, nada mais justo do que dar um fim digno a ele. Não queríamos deixar o blog abandonado, achando que ele vai voltar à ativa um dia. Aqui, 1 ano e 8 meses depois, com 202 posts e 889 comentários, os colaboradores do NerDevils fecham as portas para alçar voos maiores que só a experiência obtida aqui pode proporcionar.

O blog permanecerá no ar para que os incautos ainda possam ler as garatujas redigidas aqui, mas textos novos do povo daqui podem ser lidos nos blogs Mobground, Contraversão e Sai Daqui!.

Fica aqui o muito obrigado à equipe formada por Roberto “Synthzoid” Maia, Filipe “Voz do Além” Siqueira, Agostinho “Agrt” Torres, Amanda Armelim, Rafael Dadalto, Aline Cavalcante, Danieli Dagnoni e também aos colaboradores Alan “Gafanhoto” Lima, Dan Erik, Eder Alex e Raphael Evangelista.

Nos encontramos por aí neste vasto mundo virtual. Mais do que um fim, este é um novo começo!

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O simbolismo espiritual e humano no desfecho de Mass Effect

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Finalmente terminou, encostei meu controle no apoio do sofá e vi maravilhado o desfecho de uma saga que se estendeu por cinco anos, Mass Effect tinha chego ao seu fim. Como todo fã, senti aquele vazio, órfão devido a um inevitável desfecho, foi uma espécie de adeus, similar ao adeus dado a aquele amigo antigo ou uma namorada querida.

Não foi um adeus idílico, mesmo discordando do tom histérico de outros fãs da saga, o final me desagradou em alguns pontos, ele foi breve, críptico, como se no último instante os programadores da série tirassem de minha mão a liberdade e interatividade do roteiro, pasmo, voltei a perspectiva daquilo que eu sempre fui, um humilde espectador e isso me obrigou a pensar, refletir e questionar…

Mas assim como a vida real, Mass Effect não é sobre o fim e o inevitável desfecho de nossas vidas, Mass Effect é sobre as escolhas que nós realizamos ao longo do percurso, sobre elas e suas consequências e responsabilidades.

Shepard é um rosto comum, ou caso assim você deseje, um reflexo aproximado das feições do jogador, desde o primeiro capitulo, lançado lá em 2007, diversos coadjuvantes insinuam: “você é o reflexo da humanidade”, e no grande escopo intergaláctico das coisas, Shepard pode ser homem ou mulher, heterossexual ou homossexual, negro, branco, asiático, resumindo, Shepard é um reflexo de cada um de nós.

Existe um aspecto empático que nos motivou ao longo dos três capítulos da série, Shepard não é apenas um militar, é um diplomata, um herói, um ser humano como qualquer outro, alias, capaz de cair em tentação e até mesmo errar.

Conforme nos tornamos íntimos com o universo de Mass Effect, descobrimos que “humanidade” é um termo antropocêntrico e que nós – como espécie – não estamos sentimentalmente sós, nossas angustias, dúvidas e felicidades se somaram a dezenas de outras espécies sapientes, e cabe a você – o jogador – a decidir quais angústias são dignas de serem saciadas, existe um aspecto “solidário” no roteiro da série.

O sobrenome do protagonista é uma coisa que instiga, Shepard vem da palavra “sceap”, do anglo-saxão que data o século VII, que servia para designar tanto a função de pastor como a de vigia, e no universo de Mass Effect, o protagonista é as duas coisas.

Existe uma implicação cristã em seu nome, Shepard é o pastor, ele não é apenas o comandante que recruta exércitos por toda Via-Láctea, ele é também o vigia, o conciliador e em alguns casos, uma figura paternal ou fraternal, e assim como o próprio Jesus Cristo bíblico, uma figura controversa.

Mas as coincidências não param por aqui, o sobrenome do protagonista também pode ter sido inspirado em Alan Barlett Shepard Jr., que embora não seja o primeiro homem a alcançar o espaço (feito reservado por Iuri Gagarin) foi o primeiro norte-americano que realizou este feito.

A espiritualidade da série é evidente nos últimos momentos de Mass Effect 3, onde Shepard encontra uma inteligência ancestral conhecida apenas como “The Catalyst”, The Catalyst é um deus ex machina, que oferece a Shepard sua escolha final.

Comum a todos os desfechos, Shepard comete o martírio e é neste feito que entra em evidência seu aspecto messiânico, ele morre para que uma galáxia – agora unida – possa sobreviver, ele redime erros e pecados do passado, oferece as mais diferentes raças no universo esperança e uma oportunidade para começar de novo.

Mas este é apenas um aspecto do desfecho da saga, Shepard pode optar por emancipar toda vida orgânica e quebrar o ciclo mecânico de extinção, o jogador – e por extensão – Shepard também pode transcender todas as formas de vida a um novo estágio de consciência, Shepard neste caso também encarna os aspectos de Prometeu e Buda.

A presença do The Catalyst, através de uma interrupção brusca de sua liberdade de escolha, ajudam a lembrar os jogadores que existem forças maiores que eles – dentro e fora do universo fictício de Mass Effect – e que o importante não é a tão discutida liberdade, mas sim as consequências acarretadas pela mesma.

É previsível que diversos fãs tenham adotado até mesmo uma postura histérica em relação ao desfecho da série, é um desfecho agressivo, onde o excesso de informação – e as mudanças de última hora no paradigma para o papel passivo – chocam quem acompanha o fim.

Ainda assim, o término de Mass Effect – e a reação do público – são um remarco tanto em nível de mercado, como em roteiro e até mesmo espiritual, retomando conceitos explorados metafísicos e religiosos por autores como Arthur C. Clark e Philip Dick e mostrando que a indústria de game é uma vida de duas mãos, assim como ela amadureceu, o público precisa acompanhar o passo.

Um cidadão contra a má-administração do Transporte Público – Parte I

São Paulo é uma cidade ingrata aos fins de semana com quem não possui carro. Qualquer programação sua tem que ser estendida de três a quatro horas devido ao tempo perdido esperando ônibus (para quem vai de metrô, o drama é um pouco menor). Os coletivos demoram tanto para passar que quando passam muitas vezes ficam tão lotados quanto estariam em dias de semana em horários de pico.

Será que o número de passageiros aos fins de semana cai tanto assim para justificar eu esperar o dobro do tempo para pegar um ônibus igualmente lotado? E quem trabalha aos finais de semana e tem horários a cumprir, como fica? Para sair de um plano geral e pegar um exemplo prático, vou usar uma situação que eu passo como exemplo.

Moro próximo ao Metrô Belém e minha namorada mora no Parque São Rafael. A opção mais fácil para visitá-la seria pegar a linha “372R-10: Metrô Belém – Parque São Rafael”. Acontece que este ônibus demora tanto aos fins de semana que às vezes compensa mais pega o metrô até a Estação Brás, fazer baldeação até o trem, descer na Estação Santo André e pegar um ônibus até a casa dela. Percebem o absurdo disso? É comum eu mais ficar meia hora esperando o coletivo. Até para fim de semana, considero este tempo de espera muito grande.

Pois bem, ontem, 26 de janeiro de 2012 (domingo), saí da casa da minha namorada e cheguei no ponto de ônibus às 21h51 para pegar o coletivo e ir para casa após um dia agradável. Somente às 23h45 (não, você não viu errado) um motorista desta linha indo guardar seu veículo na garagem resolver dar carona para quem estava no ponto até o Terminal São Mateus. Fiquei praticamente DUAS HORAS esperando o maldito ônibus aparecer e nada.

Depois de pegar um ônibus de outra linha, resolvi ligar para a prefeitura através do 156 e registrar uma reclamação. Para quem não sabe, este número serve para qualquer assunto envolvendo a prefeitura de São Paulo e é gratuito. Pode ligar até de seu celular que não cobra nada. Liguei achando que só falaria com aquela atendente eletrônica, mas para minha surpresa existem atendentes de plantão 24 horas.

Expus o ocorrido para o atendente e eis que descubro que, pelo sistema deles, um veículo sai do ponto inicial às 22h. Os próximos saem às 22h20 e 22h40 e o último sai às 23h.  QUATRO VEÍCULOS DEVERIAM TER PASSADO E NENHUM PASSOU. Pelos horários deste sistema, a cada 20 minutos deveria passa um coletivo. Coisa que eu NUNCA vi acontecer em um domingo. Ou os horários dos veículos na prefeitura estão totalmente errados ou os fiscais desta linha estão fazendo um serviço de porco.

O número de protocolo da minha reclamação é 10588507, disseram que foi passado para a SPTrans e que eles tem até 20 dias (um absurdo, diga-se de passagem) para dar uma resposta para o ocorrido. Peguei todos os horários de ônibus desta linha a partir das 21h de sábado e domingo. Caso ocorram mais atrasos durante estes 20 dias, haverão mais reclamações. Tenho andado de saco cheio de algumas coisas que andam acontecendo em serviços públicos e privados e vou reclamar até conseguir uma satisfação, que é o mínimo.

Recapitulando:

– O telefone 156 é gratuito, 24 horas e pode ser usado para fazer reclamações sobre qualquer serviço sob responsabilidade da Prefeitura de São Paulo. Eles te pedem nome completo, endereço (com CEP), telefone, RG e um e-mail. Caso na hora da reclamação você não tenha como anotar o número do protocolo, é possível ligar mais tarde e recuperar este número através de seus dados;

– Todo ônibus tem horário certo para passar. Sim, eu sei que com o trânsito da cidade isto nem sempre pode ser cumprido, mas deveria. Se você ligar no 156 e pedir os horários dos ônibus de alguma linha, eles são informados e, segundo o atendente, DEVEM ser cumpridos.

Fica aí a dica sobre como agir nestes casos e aguardem novidades sobre este caso!

Brainstorm – Cada Vez Pior

Estava eu fazendo uma resenha, mas após um papo no Gtalk com um amigo de longa data regado a muito conhaque, não estou em condições de fazer um texto respeitoso sobre um livro que possui mais falhas do que méritos. Porém, como diria Spider Jerusalém, meus testículos de escritor estão fervendo, então vamos dar vazão ao que está querendo sair da minha cabeça.

(sim, seus punheteiros de merdas, eu sei que o bom e velho Spider disse  “jornalista” e não “escritor”, mas vocês entenderam, porra)

Caralho, como eu errei no primeiro parágrafo do texto. Fiquei um bom tempo corrigindo os erros. Só os deuses sabem o tempo que vou passar corrigindo este parágrafo e os próximos para amanhã constatar que perdi tempo inutilmente tentando corrigir coisas que escapam à minha mente ébria. Foda-se. Vamos prosseguir.

(…)

Acabei de virar um bom gole de uma caneca que estava vazia. Caneca esta que tem com tema o acima citado Spider Jerusalem. Ciclos, ligações, insigths, coincidências, sincronicidades. Liguei meu Atrator de Sincronicidades há muito tempo e vira e mexe eu esqueço de desligar . Aí temos um monte de fatos aleatórios formando um padrão que pode ser real ou puro fruto de uma droga legal. Julguem por si mesmos.

(coçando a barba e tentando formular ideias que não conseguirão trilhar todo o caminho entre meu cérebro e as pontas dos meus dedos)

Aí você vai mijar e encontra uma barata. Rola aquele papo maneiro com um de seus Totens Animais e tudo faz sentido. Elas realmente estão em todos os lugares e todos os tributos feitos estão sendo devidamente retribuídos. A tatuagem não pode passar deste ano. Elas fizeram a parte delas. Tenho que fazer a minha.

(…)

Eu sou o Rei Calango e eu posso fazer o que eu quiser.

(…)

Aí uma stripper nerd te pergunta se está drogado. O quão bizarro é isso? Ouvir Doors sempre abre portas quando estou chapado, por mais clichê que isso possa parecer. Já acessei tantas coisas ouvindo esse álbum que não duvido que o simples ato de apertar “play” já foda com tudo.

(…)

Acabaram de me chamar divindade e de me cobrar uma dívida. Porra… Também chamaram de doente e me pediram dicas de auto-ajuda. Não sei se fico feliz ou ofendido.

(…)

Essa merda de mouse tá zoado e dá duplo-clique sem eu querer. Os mouses do trampo dão o mesmo problema. Malditos gremlins.

(…)

Mais uma vez eu comprovo que nada que preste sai quando estou muito louco. Critiquem o texto à vontade nos comentários. Foda-se.

 

 

Near Myths #5 – The Checkmate Man (ou a morte de Marx e mais algumas pirações temporais)

E após superar a preguiça e falta de criatividade pra escrever pro blog, vou finalmente chegar à ultima edição da Near Myths, com a última participação do Morrison através de "The Checkmate man". E calma galera, esse post não vai discutir teoria, marxismo x pós-modernismo, blabla, ao menos não diretamente.

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No editorial da Near Myths #5 escrito pro Bryan Talbot podemos mapear o que o Morrison andava fazendo entre uma edição da NM e outra: ele planejava a construção de uma HQ de 100 páginas coloridas chamada "Abraxas", em parceria com Tony O’Donnell, Morrison seria o roteirista e O’Donnell o desenhista – até onde sei, o projeto fracassou e só foi parcialmente publicado 7 anos depois (1987); escrevia novelas; tocava numa banda de rock; escrevia e desenhava em STARBLAZER da DC; e ainda produzia "Captain Clyde" pra Govan Press. Pelo visto o careca tava aceitando qualquer coisa pra sobreviver, e dando seus pulos, arriscando tudo que podia como no caso do “projeto Abraxas” no intuito de atrair atenção do público e sedimentar seu nome enquanto roteirista.

The Checkmate Man

É um dia claro e frio. Um barbudo que nos parece familiar, com chapéu longo e casaco, sai do hotel carregando uma caixa. Ele ouve um zumbido e olha na direção do som. Uma bala é cravada na sua cabeça e ele tomba, derrubando a caixa, fazendo papéis voarem. Foi assim que Marx foi assassinado por “The Checkmate Man”.

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O nome do cara é Lyall Conrad, ele era um técnico em eletrônica trabalhando na construção da Viking V (uma sonda espacial que seria usada para explorar Marte), quando acidentalmente caiu da plataforma de construção e ficou entre a vida e a morte. O cientista Marcos, da NASA, reconstrói o corpo de Conrad, o transformando em um cyborgue e o colocando a serviço da CIA num programa de viagem temporal. É assim que Lyall Conrad se torna um assassino temporal.

Sua função? Reconstruir a história, eliminando figuras centrais que ameaçam o governo americano. Se ele se recusar a cumprir a ordens, Marcos, o cientista que o reconstruiu, pode desativá-lo apertando um botão.

Marx, Lincoln, Mao-Tse-Tung, Bobby Kennedy, Marylin Monroe, todos assassinados. A II Guerra Mundial foi encerrada em 1945, aumentando o poder americano sobre o mundo. O caso Watergate foi mantido oculto, o que aumentou o poder da CIA sob a presidência. Tornando o governo mais poderoso do mundo numa marionete da CIA.

O interessante em “The Checkmate Man” é uma vontade que o Morrison tem de matar principalmente os comunistas, o que deixa latente o período de guerra fria da época, em que o que o governo americano mais temia era o terror vermelho, no entanto talvez também esteja apontando que o projeto de Morrison para um futuro melhor, não era exatamente o caminho das tradições de esquerda.

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Para além disso temos também um personagem que é obrigado a trabalhar modificando a história ou será morto. Cada viagem que ele faz ao passado, quando retorna ao “presente”, o mundo está diferente, então, afinal de contas, quem é ele? Não existe mais marxismo (nunca existiu), mas ele sabe do marxismo; não existem mais os Kennedys, mas ele lembra deles. Isso vai fazendo o personagem começar a pirar, porque ele se torna uma espécie de fantasma do tempo. Ele tem os resíduos do que não existe mais dentro de sua cabeça.

Ele perde a identidade, não tem um lar, já que cada viagem feita o mundo se modifica. Então porque ele continua viajando no tempo? Se ele não tem um lugar pra voltar, uma identidade, se nada do que ele gostou um dia existe mais, qual o sentido de manter sua vida a qualquer custo?

A idéia do plot na verdade não é lá muito genial, acho que uma criança de 12 anos pensa sobre esse tipo de coisas às vezes. No entanto é o desenho tem o melhor traço do Morrison na Near Myths, e ele usa um plot bem simples pra se fazer perguntas que vão ser sempre interessantes: se pudermos editar a história como se fosse um filme em que cortamos as partes que não gostamos, o que nós seriamos? Como seria o mundo? Qual seria a graça da vida? A imutabilidade do passado e a imprevisibilidade do futuro é o que parece mais interessante, e não o seu oposto, como a CIA deseja fazer em “The Checkmate men”.

HQ nacional nova na área: Gemini 8!

2011 foi realmente um belo ano para o mercado e autores brasileiros de HQ. São inúmeros artistas trabalhando para o mercado internacional em grandes títulos, artistas faturando prêmios, grandes editoras nacionais investindo em quadrinhos e uma enxurrada de lançamentos independentes.

Quando a editora Abril passou o direito de publicação dos títulos da DC Comics para a editora Panini em 2002, muitos acharam que a Abril estava praticamente encerrando seus investimentos no ramo, ficando apenas com os gibis da Disney. Foi com grande surpresa e alegria que no ano passado vimos a volta da editora ao ramo de super-heróis.

Aparentemente com um foco em leitores mais jovens e ocasionais, foram lançadas revistas com as versão em quadrinhos dos desenhos animados do Superman, Batman, Jovens Titãs e Liga da Justiça. Todas com histórias fechadas em sua maioria e traços que lembram as versões animadas.

E, confirmando seu foco nos leitores mais novos, 2012 começou com uma TRÊS lançamentos produzidos totalmente no Brasil: “Gemini 8,” “UFFO – Uma Família Fora de Órbita” e “Garoto Vivo na Villa Cemitério”. Já consegui colocar as mãos nos três, mas hoje vou falar somente sobre o primeiro.

Com um traço estilizado que me lembrou bastante “As Meninas Superpoderosas”, um roteiro dinâmico e muito bom humor, “Gemini 8” nos apresenta Marco, um garoto guloso, curioso e que vive se atrasando para a escola. Em um dia que era pra ser como qualquer outro, ele é misteriosamente sugado por um portal e vai parar em Gemini 8, um planeta habitados por seres praticamente humanos (exceto pelas cores de cabelo exóticas) e muito avançado tecnologicamente.

Marco descobre que foi parar em outro planeta devido às experiências desastradas de Polo, um jovem cientista que usa secretamente o laboratório de sua escola. Resta agora ao cientista atrapalhado arrumar um jeito de levar o “extrageminiano” (ou EG) de volta para casa.

Para complicar ainda mais a situação, os garotos Órion e Ned, típicos valentões que insistem em pegar no pé de Polo, ficam desconfiados de que ele está escondendo algo e passam a persegui-lo mais ainda. E como se isso não fosse confusão o suficiente, temos a Diretora Urânia e sua cadeira-robô, além de suas ordens absurdas para colocar os alunos na linha.

E para manter a molecada ocupada até a próxima edição revista, temos ainda um jogo no site da editora onde você pode ajudar Polo a levar Marco pra casa através da Máquina de Dança. Vai jogar sozinho ou vai fazer uma competição com seus amigos?

Criado por Celia Catunda e Kiko Mistorigo, a primeira edição de Gemini 8 tem roteiro de Marcela Catunda, desenhos de Ricardo Sasaki, arte-final de Leonardo Carpes e cores de Fernando Ventura.

Parabéns à Abril Jovem pela iniciativa e que venham as próximas edições!

BABACA DA SEMANA – Eduardo Alves

QUEM É

Político brasileiro, Henrique Eduardo Alves é deputado federal pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) pelo Rio Grande do Norte e atual líder do partido na Câmara dos Deputados.

Formado em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, disputou sua primeira eleição como deputado federal em 1970. Concorreu à prefeitura de Natal duas vezes, mas perdeu. Tem NOVE mandatos consecutivos como deputado. É líder do partido na câmara desde 2007.

Já não bastasse isso, é ainda um dos proprietários do Sistema Cabugi de Comunicação, conglomerado que possui, entre outros, a TV Cabugi (filiada á Rede Globo) e a Rádio Globo de Natal. Ainda é presidente do jornal diário Tribuna do Norte.

PORQUE É UM BABACA

Existe um órgão chamado Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contras às Secas), que em tese serve para combater a seca e é vinculado ao Ministério da Integração Nacional. Mas  desde de 1982 esse órgão não faz nada de útil (como a seca no sul do país prova este ano) e acaba sendo mais um espólio para partidos da base aliada do governo colocarem seus indicados em troca de verbas e ajuda em votações importantes.

Quem chefiava este órgão era Elias Fernandes, apadrinhando político de nosso querido Eduardo Alves. Acontece que a Controladoria-Geral da União apontou desvios de verbas de obras sob responsabilidade desde órgão no valor de R$ 192 mil e mais R$ 119,7 mil de prejuízo com pagamento de pessoal. Já não bastasse isso, perceberam que alguns convênios firmados com prefeituras beneficiaram (e muito) somente as regiões onde Eduardo Alves tinha base eleitoral.

Diante de tudo isso, a presidente Dilma se viu na obrigação moral e cívica de exonerar Elias. Eis então que nosso notório personagem da semana, indignado com uma possível demissão de seu afilhado político e perda de poder, solta a seguinte bravata:

“O governo vai querer brigar com metade da República? Com o maior partido do Brasil? Que tem o vice-presidente da República, 80 deputados, 20 senadores. Vai brigar por causa disso?”. Ele ainda deu a entender que, se a exoneração ocorresse, o PMDB poderia deixar a base aliada.

Como assim, senhor Eduardo Alves? Seu indicado no órgão é um corrupto incompetente e ao invés de você mesmo mandar o cara embora, ameaça quem faz o que é certo? Quem disse que o PMDB é “metade da República”? Quem você pensa que é para falar em nosso nome assim, com quem quer que seja? Todo o seu partido vai realmente jogar a aliança com o governo federal para o alto em nome de um corrupto? Menos, meu caro, menos. Acho que o poderzinho que seu partido te deu subiu a cabeça.

Tanto que no dia seguinte às ameças, Elias foi exonerado. Inclusive foi mandado embora mais rápido ainda em função das sandices expostas acima. E o excelentíssimo Eduardo Alves não brigou e nem cumpriu nenhuma das ameaças.

POR TUDO ISSO, EDUARDO ALVES, VOCÊ É UM BABACA.

E como parece que ele vai indicar o próximo nome a assumir o Dnocs, eis os contatos do deputado para que você também diga que ele não está autorizado a falar em nome de metade da República, ou pra chamar o cara de babaca também.

Site oficial

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Página do deputado no site da Câmara dos Deputados



Conhece algum babaca que deveria estar aqui? Mande suas sugestões nos comentários ou pelo e-mail leosias@gmail.com e quem sabe o babaca indicado não seja nossa estrela na semana que vem!

Gotham City Contra o Crime – Meia Vida

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Renee Montoya é uma coadjuvante recorrente na mitologia do Batman, nasceu na celebrada adaptação animada de 1992, foi rapidamente transportada para as páginas das HQs em Batman #475, na história “O Retorno de Scarface”, escrita por Alan Grant.

A personagem ganhou notoriedade ao protagonizar o arco “Meia Vida”, da série ganhadora de diversos prêmios “Gotham Central” (publicada aqui no Brasil pela Panini Comics como “Gotham City contra o Crime”).

Gotham Central surgiu da parceria dos roteiristas Ed Brubaker e Greg Rucka, em uma premissa similar a seriados policiais, a trama contou ao longo de quarenta edições diversas histórias estreladas pelos policiais de Gotham City.

A série não apenas buscou explorar o papel da profissão em uma cidade notória por seus vigilantes mascarados e vilões psicóticos, como também se aprofundou na intimidade de seus personagens, tecendo rotinas, laços familiares, relacionamentos e comentário social.

Em “Meia Vida”, que corresponde às edições #6-10 de Gotham Central, Renee passa a ser perseguida por um detetive particular e tem aos poucos sua intimidade invadida, no desfecho de uma das edições, uma fotografia de Renee mantendo relações com outra pessoa do mesmo sexo é exposta para seus familiares e colegas de trabalho.

É aqui que o roteirista Greg Rucka transpõe um dos retratos mais fidedignos da realidade para as revistas em quadrinhos, com sua predileção sexual revelada contra sua vontade, Renee é alvo de preconceitos e chacotas por parte de seus colegas no distrito policial.

A situação de nossa protagonista se complica ainda mais quando o detetive particular que investigava a sua vida íntima é assassinado e graças a evidências plantadas, ela se torna a única suspeita do crime.

Um dos diálogos chaves da edição é a conversa entre Renee e sua oficial superior, Maggie Sawyer, toda  construída sob a retórica do “don’t ask, don’t tell” norte-americano.

Renee argumenta perante Maggie – homossexual assumida – que o problema não se resume apenas a homossexualidade de uma pessoa, mas também o julgo da cultura, etnia e laços familiares dela.

A pressão familiar contra sua sexualidade é explorada ao longo das cinco edições, a família Montoya, composta por imigrantes dominicanos e católicos fervoroso, insistem que logo ela estará “velha demais para ter filhos”, enquanto os pais comentam com pouco caso o comportamento promíscuo de seu outro filho.

No desfecho do arco, Renee esclarece e “sai do armário” para seus parentes, no fim da conversa, “Meia Vida” termina em lágrimas, nem todas de alívio.

A arte, que fica por conta de Michael Lark segue o padrão das edições anteriores, tons pastéis e closes fechados, retratando uma Gotham intensamente urbana e suja. Em uma cidade povoada por milionários e femme fatales, Renee é traçada como humilde e tímida.

O arco “Meia Vida” é responsável em 2004 pela conquista dos prêmios Eisner de melhor história serializada e o Harvey de melhor história individual ou série, além do Gaylatic Spectrum Award, uma premiação de ficção fantástica destinada a histórias que retratem homossexuais de forma construtiva.

Aqui no Brasil o arco saiu no encadernado “Gotham City contra o Crime Vol. 2 – Meia Vida”, em acabamento de brochura contendo 148 páginas, por R$14,90, podendo ser facilmente encontrado em lojas especializadas e convenções de HQs.

Introdução ao SOPA: um guia para a proposta da nova legislação antipirataria dos Estados Unidos

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Publicado originalmente na Wired UK

SOPA é uma daquelas abreviações que apareceram nos noticiários com uma velocidade alarmante. Para aqueles que ainda não entenderam ou tiveram tempo para sentar e ler as notícias relacionadas ao assunto, a Wired UK criou um guia útil para essa nova lei “antipirataria” proposta pela legislação estadunidense.

O que é o SOPA?

SOPA é a abreviação para Stop Online Piracy Act, uma lei proposta pela legislação americana com o intento de proteger copyrights na internet. Ela vem sendo amplamente suportada por estúdios de cinema e gravadoras que têm gasto milhões de dólares em lobby para endurecer as leis contra filesharing e violação de copyright online. Os alvos dessa nova lei são misteriosamente chamados de “sites infratores”.

A Câmara de Comércio dos Estados Unidos explicou através de uma carta para o NY Times o significado da expressão: “Sites infratores são aqueles que roubam os produtos criativos e inovadores da América, que atraem mais de 53 bilhões de visita por ano e ameaçam mais de 19 milhões de empregos americanos”.

O problema com o SOPA (e sua lei irmã, a “PIPA”) é que ele tenta lidar com o problema da violação de copyright forçando uma reforma na própria arquitetura da web. Ambas as leis definem que nenhum recurso disponível online ficaria fora dessa jurisdição de natureza draconiana. A lei chegou ao equivalente da Câmara dos Deputados norte-americano, mesmo com forte opinião contrária de empreendedores, internautas, desenvolvedores e acadêmicos.

Como ela funcionaria?

Caso autorizado, o SOPA permitiria qualquer procuradoria estadunidense a obter um mandato judicial contra sites estrangeiros e seu servidor de hospedagem de tal forma que o site em questão desapareceria para usuários norte-americanos. Essas audições devem ser feitas em dentro de cinco dias, baseando meramente em acusações.

Um site pode ser desligado apenas por infringir um link, mesmo que você não tenha postado, por exemplo, algum comentarista no seu blog postar uma foto protegida por copyright de forma inapropriada. Além disso, usuários e donos apenas podem se defender legalmente após o site ser retirado do ar.

Existe inclusive uma medida provisória que diz que um usuário comum da internet pode ser preso por cinco anos por postar material protegido por copyright.

Sites acusados de violar copyrights são bloqueados através do seu domínio ao invés do endereço de IP. Isto é particularmente preocupante, pois intervém com o DNS (Domain Name Service), que é uma peça fundamental da internet.

O DNS codifica o domínio do site, permitindo que qualquer computador conectado a internet encontre o site em questão. Bloquear sites por este meio faz com que eles desaparecem por complexo da internet, sem vestígios para o usuário leigo, este tipo de prática é comum em países onde a liberdade de expressão é combatida, como o Irã e a China.

Qual a diferença entre o SOPA e o PIPA?

SOPA e PIPA (Protect IP Act) são praticamente duas versões da mesma lei antipirataria. SOPA é a versão da câmara de deputados, enquanto a PIPA é a lei proposta pelo Senado norte-americano, ambas tentam eliminar a pirataria promovida por “sites infratores” estrangeiros. SOPA é mais abrangente, pois requer que mecanismos de buscas removam de seus indexes sites ditos como “infratores”.

A diferença vital entre o SOPA e PIPA é que o primeiro possui penalidades para sites acusados de forma errônea por detentores de copyright alegando que os mesmos podem ser processados por custos jurídicos e honorários de promotores.

O SOPA visa apenas sites norte-americanos?

Apoiadores do SOPA insistem em dizer que a lei almeja apenas sites não-americanos, o que define qualquer TLD (Top Level Domain) de um site que não tenha registro norte-americano (.com, .org e .net) – o que não afeta empresas americanas.

Entretanto, embora o texto não esteja particularmente claro, aparentemente sites americanos serão obrigados a se policiar em busca de links que levem aos considerados “sites infratores” ou links que possam direcionar para o mesmo, o não cumprimento deste policiamento pode acarretar em severas penalidades monetárias.

Quem será afetado pelo SOPA?

Os internautas americanos terão o número de sites limitados pelo governo e a indústria de entretenimento audiovisual. Também serão afetados empreendimentos baseados em web que busquem compartilhamento e interação social, assim como gigantes da web, como Google, Wikipedia (que entrou em protesto hoje, dia 18/01) e Amazon.

Esta é uma das grandes contradições do SOPA, ela reconhece – e defende – que a indústria de entretenimento americana é responsável pelo faturamento de milhões na economia do país, mas faz vista grossa para as empresas e indústrias de tecnologia que são o futuro econômico dos Estados Unidos e do mundo.

Em dezembro, um proeminente grupo de 83 engenheiros, programadores e inventores enviaram uma carta aberta para o congresso norte-americano, onde dizia:

Caso assinado, ambas as leis criarão um ambiente de medo e incerteza para a inovação tecnológica, além de prejudicar seriamente a credibilidade dos Estados Unidos em seu papel chave para a infraestrutura da Internet. Apesar das emendas recentes, ambas as leis correm o risco de fragmentar o DNS global e outros caprichos técnicos. Em troca disto, esta legislação acarretaria em infratores que agiriam de forma deliberada enquanto prejudicaria o direito de grupos inocentes se comunicarem e expressarem online”

Laurence Tribe, Professor de Direito em Havard, vai além, argumentando que o SOPA é anticonstitucional, porque, caso assinado, “um site inteiro, contendo centenas de dezenas de páginas, poderia ser desligado porque apenas uma página apresentaria problemas de copyright, este tipo de abordagem criaria severos problemas práticos para sites com ênfase em conteúdo desenvolvido pelo usuário.”

Quem apoia o SOPA?

SOPA é apoiado por organizações e empresas em que o modelo de negócios é fortemente ligado ao copyright, incluindo Motion Picture Association of America, Recording Industry Association of America, Macmillan US, tEntertainment Software Association, Viacom and News International. Outros apoiadores incluem empresas dependentes de seu trademark, como Nike e L’Oreal.

Quem se opõe ao SOPA?

A maioria das pessoas e empresas com um entendimento claro de como a internet funciona se manifestaram contra, incluindo Google, Facebook, Twitter, Zynga, eBay, Yahoo, Mozilla e LinkedIn. Eles argumentaram que o SOPA é “um sério risco para a inovação contínua e criação de empregos, assim como para a ciber-segurança dos Estados Unidos.” Outros opositores incluem Reddit, Boing Boing, Mozilla, Wikipedia, grupos internacionais ligados aos Direitos Humanos, centenas de negócios, empreendedores e acadêmicos.

O Parlamento Europeu, defensor da neutralidade na internet, se manifestou contrário ao SOPA, advertindo a “necessidade de proteger a integridade global da internet e a liberdade de comunicação impedindo medidas unilaterais que visem revogar endereços de IP e domínios na web”.

O que vem a seguir?

Hoje, diversos sites – grandes e pequenos – cessaram suas atividades em protesto contra o SOPA, a escolha da data, 18/01, não é sem razão, hoje, políticos americanos começaram a realizar uma análise de impacto envolvendo o bloqueio de nomes de domínios nos mecanismos de busca.

Em resposta ao apelo da comunidade digital, o representante do Comitê de Supervisão Doméstica e Reforma Governamental, Darrell Issa, proclamou a imprensa: “A voz da comunidade conectada foi ouvida. Mais educação sobre o funcionamento da internet é essencial para os membros do congresso é necessário para que legislações antipirataria sejam funcionais e atingiam aprovação ampla”. 

Scott Snyder e o Batman do Novo 52

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Escolhido a dedo pelo conceituado romancista Stephen King, Scott Snyder, que até então nunca tinha trabalhado no meio das revistas em quadrinhos, debutou nas páginas de American Vampire, sucesso de vendas da Vertigo, o selo “adulto” da DC Comics, voltado para contos de terror e mistério policial.

 Com as histórias de terror protagonizadas pelo vampiro estadunidense Skinner Sweet, Snyder e King, em parceria com o desenhista brasileiro Rafael Albuquerque, conquistaram público e crítica e em 2011 levaram para casa prêmios importantes do mercado de entretenimento, como o Eisner e o Harvey de melhor nova série.

Com uma inclinação para o sombrio e para o mistério, Snyder começou sua contribuição para um dos títulos mais antigos da DC Comics: a Detective Comics, protagonizada pelo Batman, um dos personagens mais queridos do portfólio da editora.

Em Detective Comics #871, Snyder surpreendeu a todos ao apresentar ao longo de 10 edições, uma Gotham City ainda mais assustadora e claustrofóbica, introduzindo novos elementos no canônico do homem-morcego e revivendo antigos traumas do elenco.

É nesta fase que podemos presenciar uma das melhores – e mais trágicas – histórias envolvendo o Comissário Gordon e sua família, rivalizando em repercussão com The Killing Joke escrita pelo gênio Alan Moore.  

Nesta encarnação de Gotham City, tivemos psicopatas e dramas familiares, sociedade secretas de ricos, um vilão perturbado e carente de atenção, além de cenas de violência explicita que não observamos na editora desde os tempos áureos da Vertigo na década de noventa.

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Snyder, em Batman, parece ter uma fixação pela aristocracia decadente da cidade, que rendeu antagonistas clássicos como Pinguim e Silêncio, como também o próprio passado da cidade é visitado com frequência em suas histórias.

Isto fica claro na minissérie “Batman – Gates of Gotham” lançada em meio do ano passado, onde o roteiro mostra a relação entre um terrorista em série e um segredo antigo das principais famílias de Gotham City.

“Batman – Gates of Gotham” também é uma das poucas histórias do homem-morcego que busca explorar a arquitetura sobre a qual a cidade foi concebida.

Image Este clima denso, quase um thriller de suspense, tornou Snyder a escolha óbvia para alguns dos títulos do “Novo 52” de sua editora, gerando expectativa e comoção quando o mesmo foi escalado para assinar o roteiro da nova revista do Swamp Thing, um dos personagens mais cults e quistos pelo público.

Mesmo sendo um reboot, Snyder na nova revista do Batman resgata elementos de seus trabalhos anteriores em Gates of Gotham e Detective Comics.

Nesta nova história, Batman investiga a relação entre o passado de Gotham City e uma conspiração de assassinos conhecidos como “Court of Owls”.

Existem dois aspectos peculiares na passagem de Snyder pelo Batman, sua fixação pela arquitetura em Gotham City e o simbolismo da Coruja, uma ave conhecida por ser predadora natural dos morcegos e famosa por roubar ninhos de outras aves.

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Recomendo ao leitor interessado que ele preste atenção nas incríveis e sombrias ilustrações de Jock e Francaviella para entender as entrelinhas daquilo que ainda está por vir para o homem-morcego e seus aliados.

O sucesso da publicação é tamanho que em nota emitida pela imprensa a DC Comics divulgou que o número de vendas da revista ultrapassa as 100.000 cópias.

Esta repercussão positiva fez com que a editora aumentasse o número de páginas da revista de 32 para 40, com o acréscimo de um dólar no preço final, outra novidade é que em Batman, Scott Snyder se reunirá com seu antigo parceiro de ilustração, Rafael Albuquerque.

Snyder é uma ótima alternativa para quem está enfastiado das histórias lisérgicas e nostálgicas da era de prata que Grant Morrison escreveu, ou que busca um pouco mais de refino e sofisticação nos roteiros grim n’ gritty de Frank Miller.

Aqui no Brasil, a passagem de Scott Snyder pela Detective Comics pode ser conferida na revista “A Sombra do Batman” a partir da edição nº 18, lá fora, as histórias foram coletadas em uma edição capa dura chamada “The Black Mirror”, disponível na Amazon.com