Fui conhecer Die Antwoord (do Africâner “A Resposta”) ainda na semana que este post foi escrito, quando diversos sites que eu assino os feeds comentaram a a morte de Leon Botha, 26 anos, também conhecido como DJ Solarize, que participou de trabalhos com o projeto musical explorado nesse artigo, de acordo com as fontes, Botha é um dos sobreviventes mais duradouros de uma doença conhecida como Progeria, para quem não conhece, é uma doença que se desenvolve ainda cedo na infância, caracterizado pelo visível e drástico envelhecimento precoce, sendo que a média de vida para uma pessoa com essa deficiência é de treze anos de idade, então sim, podemos dizer que o rapaz viveu o dobro das expectativas, um feito de vida notável, descanse em paz.
Porem este é apenas um dos detalhes acerca deste irreverente e inovador grupo de Rap, tendo como leadman o rapper Watkin “Ninja” Jones e a cantora Yolandi Visser sem contar inúmeros colaboradores, Die Antwoord já conseguiu a atenção e os holofotes da mídia especializada e artistas norte-americanos como Beastie Boys e Kate Perry, sem contar gravadoras como EMI e Universal, para entender melhor o que faz Die Antwoord singular, é preciso compreender uma gíria africâner conhecida como “Zef”.
“Zef” seria o equivalente ao termo “redneck” ou ‘whitetrash” da cultura estadunidense, se referindo a classe etnicamente caucasiana que não participou do abismo protagonizado pelo Apartheid há quase duas décadas atrás, hoje vivem em subúrbios onde alcoolismo, consumo de drogas e violência urbana fazem parte do cotidiano. Para Watkin Jones, ele não está argumentando a resposta homônima ao título do projeto, ele está vivenciando-a: “I’m just engaging my inner zef, which everybody has. It’s not a persona, it’s an extension of myself, an exaggerated version of myself”.
É interessante perceber que o “Zef” não se refere ao coletivo de pessoas que não obteve ascensão social, mas também as predileções culturais da mesma, remetendo a uma cultura, que sob uma perspectiva burguesa, seria considerada “sem classe”, demasiadamente colorida e efusiva, sem espaço para luxo ou refino, em entrevista para Times, Watkin resume seu projeto da seguinte maneira: “loveable, mongrel-like entity made in Zuid Afrika, the love-child of many diverse cultures, black, white, coloured and alien, all pumped into one wild and crazy journey down the crooked path to enlightenment”
E esta noção se aplica bem à alcunha de Watkin Jones, “Ninja” é seu nom de guerre dentro do Die Antwoord, uma personalidade agressiva, chula, auto-afirmativa, coisa que transparece bem na faixa “Enter The Ninja”. Mesmo com Die Antwoord tenha explodindo, gerando em sites como o youtube centenas de milhares de visualizações, fica a dúvida no ar? “Vai vingar?” de sua natureza anacrônica paradoxal, de passado transmigrado ao presente, mas longe de ser um relicário, Die Antwoord tem potencial tanto para ser um eco dos confins do terceiro-mundo urbano africano ou um novo grito para o futuro.