Faltava romantismo naquele amor.
Ela era daquele tipo “paixonite aguda”, que gosta de demonstrar que ama, sempre que pode. Era um tal de bilhetinhos surpresa, declarações no vapor do espelho, olhares intensos e massagens carinhosas. Era tanto amor que transbordava. Ela sentia lacrimejar os olhos de alegria quando o encarava.
Ele também o sentia, mas não o demonstrava. Era burro demais para perceber essas coisas. Não sabia ter companheira fixa. Aliás, não deve saber até hoje.
Infelizmente, aquela espera constante por bobagens apaixonadas que nunca vinham a sufocava. Complicada como ela só, os fantasmas ainda a atormentavam. Querendo ou não, aquele era o cara que um dia escreveu com todas as palavras, que todo o sentimento que havia por ela foi-se embora no sorriso de outra mulher. Aquela masmorra de memórias e fantasmas, escritos com neons piscantes que o amor é cego, surdo, mudo e retardado.
Amavam-se. Mas não como deveriam ter feito. No fim das contas, faltava mesmo era romantismo naquele amor. E maturidade. E amor, pra ser sincera.