O ato de má fé de Sérgio Cabral e Eduardo Paes após a tragédia do Realengo

Horas após o ataque na Escola Municipal Tasso da Silveira, o governo do estado do Rio de Janeiro convocou uma coletiva de imprensa, me lembro de assistir isto com uma atenção incomum, não obstante o furor dos jornalistas, um festival que não priorizava a assertividade dos fatos, mas sim a especulação e espetáculo, Cabral, de frente a imprensa, elogiou os atos dos Policiais Militares que reagiram ao ataque de Wellington Menezes de Oliveira à escola. No dia 12/04, uma terça-feira, os oficiais Denilson Francisco de Paula, Ednei Feliciano da Silva e Alexandre Alves foram promovidos através da assinatura de Cabral pelo Ato de Bravura dos Oficiais, com isto, o governo do Rio de Janeiro redirecionou os holofotes da imprensa para o assassino, deixando uma fresta bem pequena para o questionamento sobre a competência das autoridades do governo carioca.

É evidente o viés de golpe de publicidade  em que isto se configura, se tratando de um crime hediondo que chocou a população do país, enaltecer a suposta “resposta” policial para o atentado do psicopata trás ao poder público do Rio de Janeiro a mão na roda necessária para contornar os escândalos que a força policial carioca enfrentou nos últimos meses, como o caso do ex-chefe da polícia civil Allan Turnowski e seu envolvimento com milícias.

Faz parte da retórica sofista de Cabral, que se baseia na exaltação de um ato de “heroísmo”, a própria palavra denota o aspecto sensacionalista da situação, vide o péssimo estado e as inúmeras críticas – algumas de viés internacional – que a polícia do Estado do Rio de Janeiro vem recebendo ao longo dos anos, na tentativa de buscar uma justificativa que causou o gatilho da tragédia, eu não olho as motivações psicológicas de Wellington, mas sim o descaso da autoridade.

Lembre-se do ditado de nossas mães “é melhor prevenir do que remediar”, e não é essa a razão? As vistas grossas, de autoridades e policiais, que levaram Wellington primeiramente a ter acesso a armas de fogo que são de uso civil restrito, ou seja, antecedendo a tragédia, existiram o envolvimento de traficantes, facilitadores e é claro, agentes intermediários, situações e personagens que são rotina na criminalidade carioca, isso se não levarmos em consideração a ausência de policiamento preventivo, como rondas escolares e até precauções por parte da administração da escola, qualquer pessoa pode pedir um histórico escolar assim de forma tão deliberada e fácil?

Devemos ter em mente que esta manobra política está relacionadas as eleições do 2012 e que a perseguição a culpados por esta tragédia está impulsionada pela necessidade de desfecho e posterior esquecimento por parte da população, em apoio a Sérgio Cabral, Lula, em discurso no ano de 2007, disse que o Estado do Rio de Janeiro passaria a ter o maior aparato de segurança pública do país, promessa que passou batido.

Então, da minha parte, como cidadão brasileiro, que acompanhou a tragédia ao vivo, eu questiono de forma “severa” o pressuposto heroísmo proclamado pelo Governador Sérgio Cabral, figuras de defesa civil e vigilância, antes de tudo, não devem alcançar patamar heróico, são servidores públicos, participam de forma integrada de um sistema, que se olharmos os antecedentes, apenas negligenciou E facilitou o gatilho para a tragédia que se sucedeu. (e tantas outras onde crianças foram vítimas de armas de fogo)

Aqui em São Paulo, a Polícia Militar recentemente aposentou o uso dos revolveres calibre .38, o famoso “trêsoitão”, favorecendo no lugar a pistola calibra 40, isso, posteriormente, implica em um imenso descarte de material bélico, que vão diretamente para armazéns e depósitos. Deixo para você leitor minhas dúvidas sobre a futura procedência de todo este armamento obsoleto e se, por vias das dúvidas, crimes envolvendo esta arma se tornarão recorrentes.

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Comentários

  • Gabriel Baptista  On 15/04/2011 at 15:40

    ótimo post, cê traduziu tudo aquilo que eu senti com a cobertura da mídia na época da “guerra” aos traficantes no fim do ano passado.
    pessoal colocando os policiais e militares em patamar de herói e NENHUMA menção ao que foi que realmente fez com que a situação chegasse a esse ponto… ridículo.

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